I
Dorme e acorda a cidade.
Acordam e dormem os sonhos.
Anseios, angústias em comunhão.
E já se vão dois meses.
Acordam e dormem os sonhos.
Anseios, angústias em comunhão.
E já se vão dois meses.
Muitos vaticinam em vão.
Da rua eu tenho medo.
Agora, em fobia eu pareço.
Da rua eu tenho medo.
Agora, em fobia eu pareço.
Na vida, tudo tem o seu preço.
Uma máscara ou um avião.
Houve o tempo da "belle epoque",
do Tostão e da escravidão.
Uma máscara ou um avião.
Houve o tempo da "belle epoque",
do Tostão e da escravidão.
Hoje vivemos em "lockdown".
Mascarados em figutiva e
literal figura, ladrão e cidadão.
Mascarados em figutiva e
literal figura, ladrão e cidadão.
II
Elas passavam levemente.
Lentamente tingindo-se de rubro.
Ah, que belo tempo perdido!
Ah, que paleta escarlate!
A cidade continuava lá.
Parcos transeuntes a perambular.
As casas, os prédios respiravam.
Eu suspirava olhando o horizonte.
E as nuvens passavam,
como passa o gado, os desejos.
Mas, para onde?
Do tempo, eu conheço a sina.
O seu destino, a sua eterna
e doravante cantiga.
III
E a noite tombava em cianos tons.
Pesadas nuvens iriam passar.
O céu, o sereno, a mágoa também.
Por último, se foram os marrons.
Todos estavam lá na despedida.
O último Cúmulo ferido partiu,
arranhando o firmamento.
Efêmero era aquele momento.
Certo e curto o seu vencimento.
Paro ali porque quero, e espero.
Pois, amanhã eu não sei.
Ouço a minha amada.
Até mais doce Aurora!
Até semana que vem!
Isaac Furtado
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