segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Paradoxo - Política e Saúde

Nas vésperas das eleições, eu fico vendo o absurdo de dinheiro gasto com as campanhas políticas, ou na compra direta de votos, principalmente no interior. De uma forma ou de outra, quase todos são comprados. Quanto vale o seu voto?
Vivemos numa nação dita democrática, pois temos dentre outras liberdades, a sublime condição de elegermos os nossos governantes. No dia da eleição é só você e a urna, mas muita história se passa entre estes dois pontos. Voltas e mais voltas, conchavos e acordos selam a sua opção. Lembro de Goethe, com o seu célebre “Fausto”. Lembro de Oscar Wilde com o seu imortal “Retrato de Dorian Grey”. Todos venderam sua alma em troca de algo. Em troca da beleza, da imortalidade, de riquezas as mais diversas. Muitas almas estão empenhadas nessas eleições. E muitos nós devem ser desfeitos para podermos dizer de peito aberto: Vivemos numa Democracia. Hoje, infelizmente, diria que estamos numa “Corruptocracia” regida por um Nó Górdio. Nó esse, que só poderá ser desfeito de duas maneiras. A primeira, Alexandre, o grande, já o fez na base da espada. A segunda é muito mais lenta e correta. Desfeita no curso de mais de uma geração. Soltando o nó com muito cuidado, às custas da educação do seu povo. Não apenas investindo na educação técnica, mas, principalmente, na educação moral e ética. Do exemplo passado de pai para filho, de governantes para governados. De outra maneira, como poderemos fazer o correto, se nós não temos exemplos para seguir? E a saúde, onde fica? Vejo em todos os discursos a mesma promessa de educação, saúde, segurança… Vejo ideologias passarem, esquerda ou direita, de nada vale quando se chega no poder. Os projetos ditos populares visam apenas uma coisa, o seu voto para as próximas eleições. Como já falei antes, não precisamos de mais médicos apenas, mas, de mais SAÚDE! E o SUS que poderia ser um grande exemplo mundial, hoje se encontra no limite da bancarrota. Todos os hospitais, de Norte a Sul, estão superlotados, com pacientes que demoram semanas nos corredores, internados de maneira sub-humana. No entanto, a saúde é o maior cabo eleitoral existente neste País. Quantas cirurgias já foram feitas na troca de votos? Quantos óculos, cesarianas e dentaduras foram barganhados? E depois das eleições tudo se acaba, tudo é esquecido, tudo é adiado para daqui a quatro anos. Enfim, eu me interrogo inocentemente: Quanto será o montante total gasto nessas eleições? Pagaríamos nossa dívida externa com esse dinheiro? Construiríamos quantos hospitais? Quantas escolas? Mas, não. Vemos apenas cavaletes espalhados pelas calçadas, com belas fotos embelecidas por Photoshop. Vemos apenas promessas desgastadas, notas de cem reais esquecidas em bolsos, parcerias fáusticas seladas na calada da noite. Saibam que, quem vende a própria alma- pode ter a certeza- um dia será cobrado, na saúde ou na doença. Será que algum dia a antinomia da Política e da Moral irá acabar? Artigo publicado no jornal Gazeta do Centro-Oeste. 16 de setembro de 2014. Imagem: trabalho de Damien Hirst

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Planejamento das Cirurgias Plásticas no paciente Ex-obeso

A cirurgia plástica no Ex-obeso é hoje uma nova categoria dentro da especialidade. São cirurgias que envolvem um cuidado redobrado, tanto na parte clínica (com atenção para anemia), como na parte cirúrgica (pelo risco aumentado de hematomas e deiscências das suturas). Elas são feitas em praticamente todas as regiões do corpo, devido à quantidade de pele que sobra após a grande redução ponderal. Na face: a Ritidoplastia (lift), e a Blefaroplastia (pálpebras); no corpo: Mastopexia com prótese de mama, Abdominoplastia (normal, em Âncora, ou Circunferencial, quando necessário), Flancoplastia, Gluteoplastia, Lift de braços e de coxas, e Toracoplastia. Quando os cirurgiões plásticos começaram a fazer estas cirurgias, não havia ainda uma padronização, ou adaptação para estes pacientes ex-obesos. Muitas complicações eram devido aos grandes descolamentos, que hoje, sabemos serem desnecessários. Grandes transformações foram feitas para melhorar o tratamento destes pacientes. As primeiras Gastroplastias eram abertas, com grandes incisões medianas acima do umbigo. Logo, no tratamento do abdome as incisões medianas eram feitas com mais frequência. Hoje, com as cirurgias por vídeo, as pequenas incisões resultantes nos fazem optar por outro tipo de abdominoplastia, a circunferencial. No entanto, o abdome é apenas um capítulo à parte dos pacientes ex-obesos. Temos que ver o todo, avaliando sempre o lado psicológico destes pacientes, e planejar muito bem a sequência e a associação das cirurgias a serem feitas. Optamos por fazer uma divisão do corpo em quatro partes: 1- face e pescoço; 2- mama, tórax e braços; 3- abdome e dorso; e 4- coxas e pernas. Desta maneira, com quatro cirurgias podemos tratar todas as regiões, quando indicadas, ou necessárias. A ordem delas pode ser optada pelo paciente, sendo, normalmente, aquela região que mais o incomoda, a primeira. A parte 1 é mais acometida em pacientes acima dos quarenta anos, com flacidez no terço médio e inferior da face, e principalmente, no pescoço. O tratamento para estes casos é a Ritidoplastia (ou Lift facial), com preenchimentos faciais posteriormente. A parte 2 é bem extensa, e pode ser necessária uma cirurgia mais ampla, a Toracobraquio-mamoplastia, normalmente com colocação de próteses de mamas. Onde são tratados os braços, a lateral do tórax, e a ptose mamária (presente em praticamente 100% dos casos). A parte 3 é tratada com a Abdominoplastia, que muitas vezes tem uma cicatriz estendida posteriormente, para tratamento dos flancos e dorso (a Abdominoplastia circunferencial), o abdome em Âncora, com cicatriz mediana é deixado para casos mais extremos. Em alguns casos, pode ser utilizado o excesso de tecido lateral dos flancos como retalho para preenchimento da região glútea. A parte 4, normalmente, é a última a ser feita, com a retirada da flacidez das coxas, com a Cruroplastia, ou Lift crural. Com uma cicatriz que desce pela região inguinal, coxa interna, até no joelho. Todas as cirurgias realizadas nestes pacientes têm como objetivo aumentar sua auto-estima. Mesmo com muitas cicatrizes, o tratamento retira os últimos estigmas da obesidade extrema, ao eliminar o grande excesso de pele. Matéria publicada no Jornal Gazeta do Centro-Oeste