sexta-feira, 15 de novembro de 2019

A República e a Democracia


Que a nossa república se consolide cada vez mais na democracia e menos na corrupção. Pois, vivemos novos tempos, onde tudo é gravado, filmado e rastreado. A verdade não é absoluta, mas hoje, ela está muito mais transparente. Portanto, se a mentira tinha pernas curtas, agora ela rasteja pelos cantos escuros do submundo do crime e de ideologias fundamentalistas, que ainda acreditam que os fins justificam os meios. Não queremos desigualdades, queremos oportunidades. Não queremos esmola, queremos que a "Res Publica" (a coisa pública) nos ofereça o básico: educação, saúde e segurança. O resto, a gente constrói com o trabalho honesto!
Feliz Dia da República!

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

TRANSIT GLORIA





Fitei o espelho, buscando algo do outro lado.

Procurei além da pele, carnes e matéria.

A essência que anima, a alma além do animal.

Esperei algum sinal, algo além das rugas

e dos brancos cabelos arrogantes.


O silêncio de um papel sobre a mesa.

O lençol da cama a espera dos amantes.

O canto à palo seco das madrugadas.


Fitei o espelho, implorando por respostas.

Procurei atalhos no ontem e no amanhã.

A eterna e divina matriz de tudo que se move.

Esperei a folha secar, o vento abrandar.

Nada! Somente ideias vãs e fogos-fátuos.


Esperei o mapa do meu estado se transformar.

Seus quatro cantos percorri. Vi extremos

da praia ao sertão, da fartura à desolação.


A tinta da caneta eu sei que irá secar,

a bulha no meu peito, a dor em peso,

o traçado de um eletrocardiograma,

o ritmo de toda essa bossa,

já não tão nova, irão parar.


Se passageiros nesse mundo somos,

quero a glória transitória abraçar,

e beijar o espelho d’alma.


Pois, imortal é a beleza do bem fazer,

é o último romance assinado,

o quadro pendurado na parede,

o filho mais novo já formado.

Imortal é o amor de um bem querer.

Isaac Furtado
(Poesia do livro CADERNO 53, lançado recentemente na XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará.)


sábado, 27 de abril de 2019

Vírus



Meio vivo, meio morto ele segue.
Qual a sua essência? O seu papel?
Será que foi destinado por deuses
a nos acompanhar pela eternidade?

Mas, ele voa, congela e consegue.
Já sinto nos olhos uma dormência,
na boca o amargo gosto do fel,
e a febre me arde sem piedade.

Muito busca por seu hospedeiro.
Não por amor, ou por dinheiro.
Apenas para se dividir, pois
nem de sexo ele precisa.

Mal sabe se é um herói, um bêbado,
um condenado, ele investe certeiro.
Sem emoção, nem bem, nem mal,
apenas busca por um herdeiro.

Mito de três letras, somos primos
moleculares. Será que evoluímos?
Ele apenas se esquiva e transmuta.
Nos resta fortaleza e resistência.

Muitos tombaram aos seus pés.
Diminuto ser, se podemos dizer,
que habita em tudo, em todos.
Uma peste, da morte um viés.

Mais um espirro, um latejo na fronte.
Suplico por uma vacina para dor,
um chá quente. A semana já passou,
e ainda não vejo um horizonte.

Isaac Furtado