Beleza Imortal
Beleza imortal vai além do anseio fáustico da eterna juventude. Devemos fazer de cada momento o melhor, sabendo que a busca da felicidade é um grande objetivo. Felicidade que pode ser encontrada numa cirurgia plástica, na ajuda ao próximo, ou no auto-conhecimento. A beleza imortal é o seu legado para humanidade, seja ele um livro, um quadro, ou simplesmente a educação que você deu ao seu filho.
sexta-feira, 11 de outubro de 2024
OURO
quarta-feira, 1 de março de 2023
FUTURO
A janela a ser aberta
A bicicleta na esquina
A sina da supernova
O beijo tão aguardado
A página a ser virada
A colagem inacabada
A carta de despedida
A ferida a ser fechada
O próximo fevereiro
A primavera em botão
O cheiro da esperança
A aventura de viver
O destino vaticinado
A sorte do aventureiro
O livre-arbítrio selado
A penumbra do porvir
O mistério do outro lado.
Isaac Furtado
quarta-feira, 25 de janeiro de 2023
LINHAS TORTAS
Nas linhas tortas de Deus
estamos nós, as pedras,
e as notas musicais.
Linhas a pautar melodias,
às vezes, bem dissonantes.
Afinal, como entes imperfeitos,
gênios, párias, somos diferentes.
Nas linhas tortas dos sonhos,
de muitos pesadelos repetidos,
aflitos e suados acordamos.
Linhas de beleza patente,
na luta secular contra o mal.
Na realidade é tudo diferente
da inteligência artificial.
Agarro-me nas linhas tortas.
Escuto uma música distante.
Abro as janelas e as portas.
Isaac Furtado
quarta-feira, 2 de novembro de 2022
eRRo
RAIVA, um sentimento nada nobre, mas, fazer o que? Somos humanos. Assim, o primeiro R se revela, num ranger de dentes, num tremer de olhos, engolindo a seco, alimentando a biles, num sofrer sozinho. E como errar de novo é fácil! Porém, continuamos pelo caminho, com a velha raiva nos consumindo em alma e carne, em pensamentos e ações. Ela é filha da ignorância com o desespero, e irmã do medo. E como tais é alimentada pela mera consciência da sua existência. Um parasita de si mesmo, uma ideologia sem méritos. Como o escorpião que pede carona ao sapo para atravessar o rio, os dois morrerão. Jamais passe um pano sobre a raiva. Pois, você irá simplesmente espalhá-la no ar como um vírus. Para raiva só existe um antídoto, uma vacina… O amor.
RANCOR, o segundo R que persegue a nossa história. Rancor de não ter a vitória, de nada fazer e tudo perder, de não conseguir esquecer, de se arrepender. Aquele que rima com dor. Andor dos fracos e dos desesperados. Rancor dos mal amados e dos abandonados. Seu maior aliado é a memória, a vívida lembrança de um ocorrido, mesmo que de tempos idos. O seu antídoto não é uma vacina que se repete. Como seria bom se lembrássemos somente dos momentos de alegria! Infelizmente não é assim, e para aliviar o rancor, somente um mergulho no rio Lethe. Suas águas frias e sua forte correnteza levarão tudo embora, restará somente o esquecimento.
Por isso o ERRO tem dois Rs, o da raiva e o do rancor. Pois isso, nesse momento eu te peço por favor, não erre mais de uma vez. Ore para evitar o erro, melhore para viver com retidão. Para raiva uma rosa em botão, para o rancor o perdão.
Isaac Furtado
quinta-feira, 14 de abril de 2022
O que você vê?
O que você vê?
Um olho, um ovo,
ou o coração sagrado?
O que você vê mesmo?
A virtude ou o pecado?
Uma tabula rasa,
ou o número da sua casa?
A primeira letra do seu amor,
vê rancor ou bem querer?
Me diz, o que você vê?
Passagem, Páscoa, transformação?
Arte feita de forma ou abstração?
Vê um globo, uma fenda,
ou um orifício?
E aí? Está difícil?
Pelo menos me diga a cor,
azul ou amarelo?
Borgonha ou Bordeaux?
Seja lá o que for,
me diga, o que você vê?
Isaac Furtado
sábado, 19 de março de 2022
CALIGRAFIA
Levei milhares de anos, com traços e pontos cuneiformes para me aperfeiçoar. Arranhei do barro mole, aos pergaminhos dos cordeiros. Das sombras das rupestres, às pedras dos mais altos cumes.
Desenhei hieróglifos em papiros, esculpi muitas guerras em obeliscos e pirâmides. Estelas foram fincadas no chão, todas dedicadas à glória da eternidade. Criei o zero e o símbolo de multiplicação. Somei tudo buscando uma perfeita equação, um símbolo para o infinito.
Escrevi o mito do Alfa ao Ômega, agradeço aos gregos e romanos. Escrevi a fé nas tábulas rasas dos profetas por milhares de anos. Sejam eles Celtas, católicos ou muçulmanos. Escrevi a ciência de Hipócrates e de Avicena.
Sou a beleza escrita, seja nas iluminuras góticas, ou nos calendários Maias, no Kanji japonês ou no cachemir chinês. Numa medina otomana ou num templo indiano. Seja na sinuosa Art nouveau ou nos ângulos da Deco. Eu sou mais que memórias, sou os códigos escritos da história que perdura. E do A ao Z eu sou o teu traço, teu registro, tua assinatura.
Isaac Furtado
segunda-feira, 7 de março de 2022
Flagelo Vermelho
Esse flagelo vermelho que ceifa a vida. Essa besta flamejante que espuma veneno e exala enxofre. Esse demônio que é filho da Ambição com o Orgulho, a GUERRA. Criatura que participa da desleal batalha entre a vida e a morte. No entanto, curta é a sua desolada vitória em zona de ninguém. Seus louros são arames farpados com sangue de inocentes. Seus Campos Elíseos, pântanos enlameados de desilusão. A vida nunca se vinga, ela apenas se sobrepuja. E mesmo no mais ermo páramo, ela desabrocha.
A guerra entre o homem e o homem é insensata. É deleite para o mal, que assiste de camarote rounds de carnificina. Quando uma bomba cai sobre um hospital, sobre uma creche, ela cai na verdade sobre a esperança na humanidade. Homo sapiens ou Homo bélicos?
A noite não traz sossego, apenas uma breve trégua de um amanhã incerto. Cidades caem em escombros, ruínas sem musgos, sem brilho. Pessoas fogem das suas ruas, dos seus bairros, estados, países. Mas, ir para onde? Se a bomba nos segue tão longe! Se a pomba não é páreo para o drone! Prenúncios apocalípticos aceleram e apertam nossos corações.
Palavras de nada valem se não temos o dedo no botão vermelho. A liberdade não é o mérito do livre-arbítrio, apenas a responsabilidade de levar nas costas o dever de fazer o bem e construir algo melhor. Porém, muitos não querem isso. Preferem ser marionetes de algum ditador. Palavras ao vento de um mundo surreal. Como queremos construir um universo virtual? Se mal cuidamos do nosso quintal?
Isaac Furtado




