sábado, 19 de março de 2022

CALIGRAFIA



Levei milhares de anos, com traços e pontos cuneiformes para me aperfeiçoar. Arranhei do barro mole, aos pergaminhos dos cordeiros. Das sombras das rupestres, às pedras dos mais altos cumes. 


Desenhei hieróglifos em papiros, esculpi muitas guerras em obeliscos e pirâmides. Estelas foram fincadas no chão, todas dedicadas à glória da eternidade. Criei o zero e o símbolo de multiplicação. Somei tudo buscando uma perfeita equação, um símbolo para o infinito. 


Escrevi o mito do Alfa ao Ômega, agradeço aos gregos e romanos. Escrevi a fé nas tábulas rasas dos profetas por milhares de anos. Sejam eles Celtas, católicos ou muçulmanos. Escrevi a ciência de Hipócrates e de Avicena. 


Sou a beleza escrita, seja nas iluminuras góticas, ou nos calendários Maias, no Kanji japonês ou no cachemir chinês. Numa medina otomana ou num templo indiano. Seja na sinuosa Art nouveau ou nos ângulos da Deco. Eu sou mais que memórias, sou os códigos escritos da história que perdura. E do A ao Z eu sou o teu traço, teu registro, tua assinatura.


Isaac Furtado 




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