Engana-se quem pensa que no mangue morto não há vida. Ela se esconde nas raízes, nas pequenas poças da maré seca, no galho mais alto e fino. Ela tem patas, escamas e asas.
Engana-se quem pensa que o momento é eterno. Apenas, a lembrança do sorriso inocente da criança que nada esconde. Apenas, dois minutos de prosa, ou seria poesia? Seria ela real, ou do mangue uma fantasia?
Engana-se quem pensa que o fim está no horizonte. Que os azuis não se misturam, que a espuma e a nuvem não se tocam. As raízes da imaginação descem e sobem na busca da criação, se abraçam à paisagem. E a beleza transcende, tornando-se imortal.
Isaac Furtado
Poesia publicada na 35a. Antologia da SOBRAMES-CE Lapso de Tempo. 2018.
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